ORLANDO TAMBOSI
Os exilados da era Lula
A data de hoje, 20 de janeiro, marca os cinco anos do desaparecimento do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, seqüestrado em circunstâncias estranhas numa rua de São Paulo ao sair de uma churrascaria com um amigo (o "Sombra"), e torturado e assassinado dias depois. Para manter vivo o caso, ainda envolto em mistério, Shirlei Horta criou um blog em que juntará material sobre o tema e colaborações dos cidadãos interessados na apuração e esclarecimento desse assassinato.
Como lembra o Blog do Deu no Jornal (Marcelo Soares), há duas teses conflitantes sobre o caso: as investigações da Polícia Civil de Santo André concluíram que se tratou de crime comum; já o Ministério Público de SP sustenta que o assassinato teve motivação política, uma vez que Celso Daniel teria se rebelado contra um esquema de corrupção política instalado na prefeitura.
A gigantesca rede de corrupção montada, logo depois, naquilo que o país estarrecido conheceu como "valerioduto", levantaria suspeitas ainda maiores sobre os motivos e circunstâncias da morte do ex-prefeito. E mais suspeitas vieram com a estranha morte de testemunhas do crime, agravadas com o desaparecimento, igualmente, do legista que constatou marcas de tortura no cadáver de Daniel.
Foi tudo acaso, mera coincidência?
O fato é que Celso Daniel não era apenas um ex-prefeito interiorano: seria o coordenador da campanha de Lula à presidência da República e, vivo fosse, certamente teria ocupado um lugar de destaque no governo. A quem interessaria seu desaparecimento? É esta a pergunta que o país ainda se faz.Numa república que merecesse o nome, não pairariam dúvidas sobre esta sucessão de crimes, nem a investigação sofreria embaraços. Mas o que se viu? O que se viu foi que os próprios familiares de Celso Daniel foram ameaçados, perseguidos, intimidados - e, sem amparo, muitos deles estão no exílio.
São os exilados da era lulo-petista.
Que este caso não fique em descaso.
Orlando Tambosi é professor de Filosofia da UFSC
Como lembra o Blog do Deu no Jornal (Marcelo Soares), há duas teses conflitantes sobre o caso: as investigações da Polícia Civil de Santo André concluíram que se tratou de crime comum; já o Ministério Público de SP sustenta que o assassinato teve motivação política, uma vez que Celso Daniel teria se rebelado contra um esquema de corrupção política instalado na prefeitura.
A gigantesca rede de corrupção montada, logo depois, naquilo que o país estarrecido conheceu como "valerioduto", levantaria suspeitas ainda maiores sobre os motivos e circunstâncias da morte do ex-prefeito. E mais suspeitas vieram com a estranha morte de testemunhas do crime, agravadas com o desaparecimento, igualmente, do legista que constatou marcas de tortura no cadáver de Daniel.
Foi tudo acaso, mera coincidência?
O fato é que Celso Daniel não era apenas um ex-prefeito interiorano: seria o coordenador da campanha de Lula à presidência da República e, vivo fosse, certamente teria ocupado um lugar de destaque no governo. A quem interessaria seu desaparecimento? É esta a pergunta que o país ainda se faz.Numa república que merecesse o nome, não pairariam dúvidas sobre esta sucessão de crimes, nem a investigação sofreria embaraços. Mas o que se viu? O que se viu foi que os próprios familiares de Celso Daniel foram ameaçados, perseguidos, intimidados - e, sem amparo, muitos deles estão no exílio.
São os exilados da era lulo-petista.
Que este caso não fique em descaso.
Orlando Tambosi é professor de Filosofia da UFSC
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